Fernando Paiva
Em mercados maduros, onde a participação do 3G é dominante na base de telefonia celular, esta tecnologia foi canibalizada pelo lançamento das redes de quarta geração (4G). Foi o que aconteceu na Coreia do Sul e no Japão, como demonstra um levantamento feito pela Samsung e apresentado nesta quarta-feira, 17, no LTE Latin America 2013, no Rio de Janeiro.
Após 12 meses de lançamento das redes 4G, esta tecnologia conquistou 14,7 milhões de assinantes na Coreia do Sul, enquanto a base de linhas 3G foi reduzida em 13,6 milhões. No Japão, por sua vez, nos seus primeiros 12 meses o 4G angariou 9,02 milhões de assinantes, enquanto o 3G perdeu 9,5 milhões. Em ambos os casos a relação parece ser direta: cada novo usuário 4G significa um acesso 3G a menos.
Se a base da operadora não cresce, qual a vantagem de lançar uma rede 4G? A resposta está na receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês), que aumenta com a nova tecnologia. Na Coreia do Sul, a ARPU era de US$ 27 no primeiro trimestre de 2012 e subiu para US$ 29,2 no quarto trimestre daquele ano. A melhora é atribuída aos clientes 4G, que contratam planos com maior franquia de dados. Ao fim de março havia 20 milhões de assinantes 4G na Coreia do Sul. A expectativa é que a base dobre até dezembro, alcançando 40 milhões de acessos.
EUA
No mercado norte-americano, não foi observada uma canibalização direta de 4G sobre 3G no primeiro ano de operação das redes LTE. Nesse período, foram conquistados 24,5 milhões de usuários 4G enquanto a base 3G registrou um aumento de 5 milhões de acessos. A explicação pode estar no fato de que a penetração 3G nos EUA ainda não era tão grande quanto no Japão e na Coreia do Sul.
Portanto, o efeito no Brasil a curto e médio prazo deve se assimilar mais ao que aconteceu nos EUA. A base 4G vai crescer, mas o 3G seguirá aumentando também, pois ainda há muitos usuários com terminais de segunda geração. O preço caro dos smartphones 4G impedirá que esses consumidores saltem para essa tecnologia, preferindo experimentar antes o 3G.
Infraestrutura
O vice-presidente de marketing da Samsung, Ip Hong, presente no evento, citou também uma transformação nas redes das operadoras celulares. Se no 2G elas eram voltadas para voz e no 3G para dados, no 4G o foco passa a ser o conteúdo. Ele entende que as redes de acesso das teles passarão a armazenar conteúdo da web nas próprias antenas, para agilizar o download. A arquitetura é chamada de “content centric network”. A Samsung já oferece esse tipo de solução de infraestrutura para as teles, que se assemelha à proposta de “Liquid Application”, demonstrada pela Nokia Siemens no Mobile World Congress deste ano (leia matérias relacionadas abaixo).
Fonte: http://www.mobiletime.com.br/